O ecossistema da restinga, o sistema lagunar, os sítios arqueológicos e as comunidades pesqueiras do entorno da laguna de Maricá-RJ estão ameaçados diante da implantação de um mega empreendimento imobiliário.
A Comunidade Pesqueira Artesanal de Zacarias (registrada pela Ordem beneditina em 1797) e a restinga de Maricá são verdadeiros patrimônios cultural, social, ambiental, científico, histórico e arqueológico da sociedade fluminense e até mesmo da brasileira.
O Território da comunidade pesqueira de Zacarias é Lugar de moradia, trabalho, coleta de recursos naturais e práticas culturais, desde o final do século XVIII, pelas famílias Marins, Costa e outras, enquanto comunidade pesqueira artesanal. Localizado na porção leste da restinga, o Território se estende da lagoa ao mar. Os
diferentes usos praticados secularmente pelo povoado resultaram no acúmulo de saberes sobre os ecossistemas e na formação do
seu Território constituído pelo casario, a associação comunitária de 1943 – ACCLAPEZ, os ranchos de pesca, os locais de produção de artefatos de pesca (barcos para as demais bases pesqueiras de dentro e fora do município), as localidades na restinga de extrativismo de insumos para a “pesca de galho”, “pescaria no mar”, artesanato, medicamento, alimentação e aguardente.
Inclui-se, ainda, os vários “caminhos de pesca” entre as casas e o mar, que atravessam as dunas e os "caminhos pela restinga" criados para os vários tipos de coleta, com destaque para a escolha dos galhos para a pescaria.
Na Restinga se encontram ecossistemas de restinga e de floresta atlântica, com mais de 400 tipos botânicos, 19 espécies endêmicas, várias espécies ameaçadas de extinção de acordo com as IN 443/2014 e 444/2014, 238 espécies de aves, locais de reprodução de aves, locais de pouso e invernada de aves migratórias nacionais e internacionais, dunas raras de areias grossas a médias, sítios históricos e arqueológicos.
Por ser um campus vicinal de Universidades como UFRJ, UFF, UFRRJ e UERJ desde os anos 1970, é a restinga com o maior número de trabalhos científicos do país com mais de 350 pesquisas publicadas entre artigos, monografias de graduação e pós-graduação,
dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros e relatórios de pesquisa nacionais e internacionais nas mais diversas áreas do conhecimento. Muitas investigações estão em curso, logo a área ainda é uma fronteira de conhecimento para o Brasil.
A localidade foi, ainda, definida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO / ONU enquanto Reserva da Biosfera,
e classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como "Área de Extrema Importância Biológica" para ações de restauração, de acordo com a Portaria n º 09 de 2007.
Esses Valiosos Patrimônios Culturais estão ameaçados e devem ser tombados já!